Começa nesta terça-feira (5) o planejamento das empresas que vão testar a semana de quatro dias de trabalho no Brasil.
Por enquanto, cerca de 400 funcionários de 20 companhias inscritas vão participar de projeto-piloto que reduzirá a carga horária de trabalho de 40 para 32 horas semanais sem alteração de salário.
O projeto é conduzido pela consultoria de felicidade corporativa Reconnect Happiness at Work e pela 4 Day Week Global, em parceria com pesquisadores do Boston College, e terá início em dezembro de 2023 ou janeiro de 2024, com previsão de término após seis meses.
Segundo a organização 4 Day Week Global, no encontro online desta terça-feira, as empresas vão se conhecer e apresentar acordos sobre assessoria jurídica, pesquisas e planejamento.
Durante os três meses de planejamento, elas continuam na semana de cinco dias de trabalho até definirem estratégias — se será a sexta ou outro dia de folga (além do sábado e domingo), como comunicar aos clientes e a outras partes interessadas, como fazer a primeira pesquisa quantitativa e também as conversas da pesquisa qualitativa com a FGV (Fundação Getulio Vargas.
“Este é um passo importantíssimo para revolucionar o mundo do trabalho, possibilitando mudanças no desempenho dentro de nossos cargos, tornando a jornada de trabalho mais produtiva e ao mesmo tempo saudável”, afirma Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness at Work.
As companhias que se inscreveram no projeto-piloto para adotar o novo modelo de trabalho têm sede em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre.
No momento, 20 empresas estão confirmadas, mas o número pode aumentar nos próximos dias. As empresas que autorizaram a divulgação de seus nomes são:
• Hospital Indianópolis;
• Editora Mol, Smart Duo (empresa especializada em projetos arquitetônicos);
• Thanks for Sharing (empresa de tecnologia especializada em conteúdo em vídeo e storytelling);
• Oxygen (hub de conteúdos em inovação);
• Haze Shift — Consultoria de Inovação e Transformação Digital;
• GR Assessoria Contábil;
• Alimentare (empresa de prestação de serviços em alimentação coletiva);
• Ab Aeterno (estúdio de produção editorial);
• Grupo Soma;
• Brasil dos parafusos (atacado de materiais de construção);
• Innuvem Consultoria (empresa que atua com provedores de soluções em cloud computing);
• Inspira Tecnologia;
• PN Comunicação Visual;
• Clementino & Teixeira (escritório jurídico);
• Plonge Consultoria; e
• Vockan.
Como funciona
"O objetivo da metodologia da semana de quatro dias não é simplesmente trabalhar um dia a menos, mas sim redesenhar a forma de atuação das empresas, que poderão fazer uma melhor gestão de tempo, automatizando processos, delegando tarefas e principalmente revendo prioridades durante a rotina", afirma a organização 4 Day Week Global.
A organização realiza estudos com empresas ao redor do mundo para experimentar a semana de trabalho de quatro dias. O objetivo é melhorar a produtividade, a satisfação dos funcionários e promover um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Testado em países como Reino Unido, Estados Unidos, Irlanda e Dinamarca, o projeto da semana de quatro dias teve resultados positivos, com aumento da produtividade e da receita das empresas, além de redução do estresse, da ansiedade e do burnout nos funcionários.
O Brasil, país mais ansioso do mundo e o segundo em sintomas de burnout, parece um lugar ideal para experimentar os efeitos da redução de jornada. Segundo uma pesquisa, 80% dos trabalhadores brasileiros sofrem com os sintomas da síndrome de burnout.
A metodologia da semana de quatro dias será a mesma adotada em outros países e utilizará o modelo chamado 100-80-100: 100% de salário, 80% de tempo e 100% de produtividade. Os participantes vão receber instruções, estratégias e suporte para lidar com o redesenho da semana, as métricas, a gestão de tempo e as mudanças na comunicação.
• 2.900 colaboradores de 61 empresas;
• 92% das companhias continuarão com semana de quatro dias;
• 39% dos colaboradores se sentiram menos estressados;
• 71% tiveram redução dos sintomas de burnout;
• 54% acharam mais fácil conciliar a vida pessoal com a profissional;
• aumento de 1,4% na receita;
• em comparação com período similar em anos anteriores, a receita aumentou, em média, 35%;
• o turnover foi reduzido em 57% no período em que se desenvolveu o piloto; e
• 15% dos colaboradores participantes disseram que nenhum aumento de salário os faria voltar à semana de cinco dias.
Fonte: R7